17 de julho de 2015

CAMÂRA E BUSTOS EM ROTA DE COLISÃO



A Câmara Municipal de Oliveira de Bairro não quer gastar dinheiro com a biblioteca de Bustos, confirmou o presidente da Câmara Municipal de Oliveira de Bairro, Mário João. Por sua vez a vereadora da cultura, Elsa Pires, confessou-se “trucidada”.
Um grupo de onze cidadãos de Bustos  reuniu-se, no dia de ontem, com os sr presidente, vice presidente e vereadora da cultura da Câmara Municipal de Oliveira do Bairro. Após a presença na Assembleia Municipal onde apresentaram um abaixo assinado de protesto contra a transferência da Biblioteca de Bustos/Polo de Leitura para o edifício da escola básica, os cidadãos de Bustos não se conformaram.
Na Assembleia Municipal não foi dada qualquer explicação quanto ás razões que levaram a sra vereadora da cultura a defender uma medida que cria as condições para a eliminação da biblioteca pública de Bustos, a mais antiga do nosso concelho. Uma  biblioteca aberta graças à iniciativa popular, um espaço que marcou e ajudou a alfabetizar muitas gerações.
Lutando pelo diálogo e o debate de ideias, os cidadãos de Bustos solicitaram uma audiência à sra vereadora Elsa Pires, dado que esta tinha sido responsabilizada pela decisão, mas não tinha dado qualquer explicação
Ontem pela manhã  onze bustuenses, representantes de todas as correntes politicas locais, deixaram os seus afazeres para ouvirem as razões de Elsa Pires. Foram a Oliveira do Bairro  em nome de valores profundos, porque pertencem a uma comunidade com memória e não  querem que ela seja apagada.
Irene Micaelo, Alberto Zenha Martins, Dina Costa, Narciso Paiva Cardoso, Miriam Ferreira, Manuel Romão, Paulo Figueiredo, Óscar Aires dos Santos, João Martins Oliveira, Vergilio Ferreira  e Fernando Grangeia foram recebidos por parte do executivo camarário e, curiosamente, quando foi questionado sobre o facto de não estar presente a totalidade do órgão respondeu o sr.presidente que “uns cumprem horários e outros não”. ( Já perto do fim da reunião, apareceu o vereador António Mota que, a dado momento, diz num desabafo:”Se me tivessem avisado a tempo também tinha vindo.”)
Coube a Mário João explicar a sua posição de apoio à transferência da biblioteca pública para instalações escolares Tal como aconteceu na reunião da Assembleia Municipal responsabilizou  a sra vereadora pela opção, apesar de ir acrescentando a sua concordância.
A principal razão de Mário João, a que mais gosta de invocar, tem a ver com a forma autoritária como encara a governação municipal. Tudo se resume a uma ideia (Eu é que estou mandatado) e a uma justificação.(Fui eleito pelo que decido sem ter que dar justificações ou tomar em consideração o que pensa o povo).
Com o evoluir do debate, marcado pela forma racional como  os defensores da biblioteca foram apresentando argumentos, alguma da arrogância inicial foi-se  diluindo e certas verdades emergiram. Ficou então claro que apenas razões funcionais justificam a decisão, e estas tendo na sua génese meras razões económicas (ainda que os custos atuais da biblioteca de Bustos sejam insignificantes) . Ou seja, falta de vontade política.
Para  Óscar Aires dos Santos tornou-se claro:”A câmara não quer gastar dinheiro com Bustos, é apenas isso. Por outro lado  foi triste e de baixo nível ver o presidente fazer considerações pouco elogiosas sobre uma funcionária...”
À parte as baixarias convém sublinhar que não foi  feito qualquer estudo sobre os custos ou o impacto na rotina escolar resultantes da convivência com um equipamento que tem de estar aberto a toda a população. Nem sequer se ponderou se a decisão entra em conflito com o quadro legislativo que regulamenta o funcionamento dos edifícios escolares.
A este propósito Paulo Figueiredo fez questão em  deixar bem explicito que considerava ilegal a decisão de transferir a biblioteca para a escola básica e que se necessário for tal opção será contestada nos tribunais.
“Senti-me muito triste e frustrada no fim da reunião” confessou ao “NB” Irene Micaelo. “É triste perceber que Bustos é uma terra mal amada por este executivo."
A senhora vereadora da cultura estava, tudo o indica, instada pelo presidente a manter-se em silêncio. Só por insistência de Alberto Zenha Martins acabou por pedir a palavra, o que provocou um notório incómodo em Mário João, Elsa Pires reconheceu que estava a ser “trucidada”  e, nas suas nervosas palavras, deu a entender que a sua opção foi condicionada,  ou seja, que sem dinheiro e vontade politica não tinha grandes alternativas Foi bem visível a fúria a tomar conta do rosto presidencial, à medida que a senhora vereadora falava.
Interessante e sagaz foi o conselho dado por Narciso Paiva Cardoso. Com a objetividade de quem tem experiência e conhecimento sugeriu ao edil uma solução simples. Aconselhou-o a nada fazer, por já serem tão poucos os meses que lhe restam à frente da autarquia.
A reunião estava prestes a terminar. Foi então que  João Oliveira pediu a palavra. Acabou por encerrar a reunião com uma simples declaração:
”Nós não desistimos!”
NB/BC


Sem comentários:

Enviar um comentário