18 de julho de 2015

Biblioteca de Bustos - Ontem como hoje e amanhã? - Alexandre Ferreira


Biblioteca de Bustos - Ontem como hoje e amanhã?
Bibliotecas generalistas vs Bibliotecas escolares

Desde a minha adolescência que frequento bibliotecas. As 'minhas' primeiras duas bibliotecas foram as do Troviscal e de Bustos, e frequentava-as assiduamente. Mais tarde fui seduzido pela de Aveiro, pela municipal de Oliveira do Bairro e pela da Universidade de Aveiro, com acesso a conhecimento até então inacessível. Hoje em dia, através da internet, o acesso à informação que pretendemos é muito mais fácil. Mas ainda assim, considero-me um regular consumidor em livrarias.
No início desta minha demanda pela 'gnose', estiveram duas bibliotecas.
Tendo como pressuposto que, para mim, as biblioteca escolares são excelentes para a formação do indivíduo e para o fomento e alimento do apetite pelo conhecimento, talvez, e apenas, uma das mais elevadas demandas da Humanidade.
No concelho de Oliveira do Bairro, se analisarmos as condições formativas, há que relevar a aposta da CMOB na criação de uma rede escolar moderna no concelho que, apesar de sobre-dimensionada, responde às necessidades, actuais e potenciais futuras, na formação dos adultos de amanhã, ou pelos menos, com melhores condições de aprendizagem.
Complementares às escolas, temos uma rede de leitura, formada pela biblioteca municipal de pólos de leitura.
No Troviscal, a Escola Básica beneficia da localização próxima da Biblioteca/Pólo de Leitura, que as crianças visitam esporadicamente com os seus educadores e professores. Houvesse uma biblioteca escolar e as crianças leriam mais? Creio que não haveriam dúvidas que sim. Mas não há...
Nestas novas infraestruturas, é imperativo que existam bibliotecas escolares. Juntamente com os meios audiovisuais e as tecnologias de informação, os livros são um prático pilar do acesso ao conhecimento. No entanto isso não acontece...
Em Bustos, quer-se transferir uma biblioteca geral para a Escola Básica, portanto, com acesso condicionado. Devemos colocar a questão se não será este acesso condicionado, per si, um elemento dissuasor da sua própria utilização? Isto passa-se numa era em que se luta pela socialização do acesso à cultura, fomentando a colocação de livros em cafés, pastelarias, hospitais... Estes até já se vendem nos Correios!
Relativamente a esta transferência de uma biblioteca geral para uma escola, não compreendo por que motivo um acervo generalista será de interesse para crianças que ainda estão no início da sua aprendizagem? E colocar pessoas estranhas ao meio escolar a entrar e sair a qualquer hora do dia? Sinceramente, não entendo!
Ainda sobre a segurança, este ano, na Escola do Troviscal, houve falta de funcionários e, um enorme e concertado esforço para conseguir debelar as dificuldades, professores, pais e funcionários fizeram os possíveis para que tudo corresse bem no ano lectivo. Acrescento que, para a resolução desta situação, a CMOB e segundo esta, não tinha orçamento que permitisse auxiliar. Uma das questões principais que os pais colocaram foi a possibilidade de existir uma quebra de segurança, com a falta de funcionários. A sorte foi não terem existido professores ou funcionários a necessitar de baixa médica, o que às vezes acontece. Agora imaginemos que, para além de vigiarem as crianças, os funcionários terão de acompanhar o acesso de estranhos à biblioteca geral presente na escola? Pois... para estarem num lado, não estarão no outro.
Por uma verdadeira política de leitura no concelho, façam-se bibliotecas escolares dentro das escolas com livros próprios para as crianças que as frequentam. Fomente-se a leitura pelos adultos, com actividades que não sejam só centradas na biblioteca de Oliveira do Bairro e facilite-se o acesso dos cidadãos. Dotem-se as bibliotecas/pólos de leitura de âmbito geral com livros de efectivo interesse e actualidade. E não esquecer que, hoje em dia, as bibliotecas acumulam forçosamente, para além de livros, valências de meios audiovisuais e tecnologias de informação. A existência de vários jornais diários e revistas atraem bastantes pessoas também.
Se o problema da CMOB é o de escolas sobre-dimensionadas, não creio que a inserção de uma biblioteca geral nos espaços vazios de uma escola resolva o problema. Antes, sugeria o fomento de políticas incentivadoras da natalidade.
Se o problema é mostrar as escolas novas à população para rentabilizar os investimentos, façam-se com os pais, educadores e funcionários dias abertos à população da comunidade educativa.
E por fim, pergunto, afinal para que fim será o edifício da antiga escola primária? E que melhor lugar para uma biblioteca geral que não este, com tudo o que simboliza e significou no passado para os adultos de hoje, com estacionamento, na passagem de uma rua movimentada, junto à autarquia local e a uma zona de lazer que atrai bastantes jovens e adultos?
Sr. Presidente da Câmara Municipal de Oliveira do Bairro e Vereadora, a vós deixo-vos um dito popular que se poderá aplicar àquilo que temos vindo a assistir...
'Só o burro não muda de opinião'
Para refletirem

Alexandre Ferreira


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