24 de junho de 2015

ARSÉNIO MOTA: “ ESTOU MARAVILHADO COM A UNIÃO DOS BUSTUENSES”

Arsénio Mota, 85 anos, escritor, poeta, cronista e ensaísta da cultura portuguesa contemporânea, fundador da AJEB – Associação de Jornalistas e Escritores da Bairrada, recentemente homenageado em Vila Franca de Xira numa iniciativa do Museu do Neo-Realismo, é o bustuense  a quem devemos a criação da Biblioteca de Bustos, inaugurada em 1961.
O escritor, a viver no Porto, em mensagens trocadas com Irene Micaelo, que aqui divulgamos, mostra-se maravilhado com a união dos bustuenses e  indignado por se pretender acabar com um “bem público”.

Arsénio Mota na sessão comemorativa dos 50 anos da Biblioteca de Bustos, em 2011


1.
Eu deixei há tempo de ir a Bustos e agora estou maravilhado com a união que as pessoas mais em evidência local estão a demonstrar em defesa da «Biblioteca Pública» criada há mais de cinquenta anos, em resposta à Câmara cujo presidente, tão (pouco) amigo da cultura quanto se sabe, insiste em a retirar (um bem público!) da terra para a «arrumar» sob a alçada do ministério de Crato tão (pouco) amiguinho da educação...
2.
Esta sua nova mensagem deixou-me francamente gratificado! Agradeço-lha, assim como a todos os bustuenses que se fizeram presentes na reunião da Assembleia Municipal para manifestar a recusa geral ao projecto da mudança da nossa Biblioteca para a escola. Concordo inteiramente consigo, Irene, a sua indignação é também a minha, pois não consigo abstrair do quanto aquela «coisa» deve à minha iniciativa desde o início do início.
Permita-me apenas lembrar que, actualmente, a Biblioteca é realmente um «bem público» da terra; transferida para a escola, passa a depender do Ministério da Educação; transforma-se em «biblioteca escolar», algo que, como bem sabe, nada tem a ver com o «bem público» que é, ainda que com algum interesse para o ensino.
Este pormenor, na minha opinião, é crucial e, no entanto, ainda não o vi equacionado.
Enfim, embora longe, tenho vindo a seguir os acontecimentos. Sinceramente maravilhado com a união dos bustuenses em torno deste triste caso. Não assinei o abaixo-assinado porque ninguém mo propôs.
Agora só falta que a população, sempre unida na defesa do «bem público» que é todo seu, impeça a transferência dos livros e outro recheio da Biblioteca, barrando em massa o acesso às respectivas instalações no dia em que tal tente fazer-se!
Se quiser, Irene, pode divulgar por todos os meios ao seu alcance esta minha posição.
Nesta causa, Amiga, estou consigo, todos estamos juntos e consigo!
Abraço muito cordial.

Arsénio Mota


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