26 de maio de 2015

A ESCOLA E A BIBLIOTECA, OU A FALTA DE VISÃO E DE PALAVRA


Em texto aqui publicado em 21 de Junho de 2012, Sérgio Ferreira Micaelo recordou o processo de construção do edifício da Escola Primária, concluindo que o mesmo foi construído com dinheiro da junta de freguesia:
“Pelos dados expostos, e mais leituras das atas, este edifício escolar foi mandado construir e pago pela Junta de Freguesia/Comissão de Freguesia de Bustos. Assim sendo, a Escola Primária do Corgo é Património da Junta de Freguesia de Bustos, com direito a tabuleta. A menos que tenha ocorrido alguma «entrega» oficial do edifício à Câmara Municipal de Oliveira do Bairro, à semelhança do que aconteceu com a Estação Telégrafo-Postal construída com o dinheiro de particulares de Bustos... mas cuja «entrega» foi imposta superiormente.”
Sérgio Micaelo estava certo. O edifício foi entregue à Câmara Municipal de Oliveira do Bairro presumivelmente nos anos a oitenta. Não sabemos se a entrega foi “imposta superiormente” ou resultou da mera vontade dos autarcas de então. Certo é que hoje devemos olhar para o edifício independentemente do proprietário. Temos de ter em consideração a sua história, o seu significado e a importância da sua localização, pois acaba por estar integrado no Parque da Vila de Bustos, núcleo que reúne um conjunto de infra estruturas de lazer e desporto ao qual falta um polo cultural. Quando da construção da nova Escola Básica logo se falou de um projeto para as antigas instalações. E logo se estabeleceu o consenso, assumido claramente pelo executivo camarário, de que o edifício escolar iria servir de sede à Biblioteca de Bustos/Polo de Leitura.
Deveríamos estar agora a discutir o que deve ser uma Biblioteca nos tempos de hoje. Guardados os livros para quem os desejar consultar, o espaço deveria ser organizado e equipado de forma a ser um local de encontro, sociabilização e infoinclusão dos jovens. Mas para isso seria preciso vivermos numa democracia participativa com autarcas empenhados em promoverem social e culturalmente as populações. Para isso precisávamos de líderes políticos em vez de meros gestores partidários que parecem acreditar que o mundo começou com eles.
Borrifam-se para a História e até para os compromissos assumidos. Não têm palavra, estratégia ou visão politica que vá para além das obras de cimento. Assumem uma postura autoritária e gerem a causa pública de forma meramente casuística e interesseira. O que fazer com a velha Escola de Bustos? O mais fácil e mais barato é dividir “aquilo” por salas e entregar o espaço a vários grupos e associações. Desta forma arranja-se quem pague a água e a luz e, o mais importante, gera-se a dependência política, porque os distinguidos com a benesse não podem deixar de ficar agradecidos... (E se não estão agradecidos fiquem caladinhos ou vão no meio da rua!)
É assim a “democracia” em Oliveira do Bairro. E por mais que se grite, “O rei vai nu”, o pobre coitado, quase a perder o trono, cobre-se de plumas e promove o beija-mão. Até dá pena. 

Belino Costa

BUSTOS - A ESCOLA DO CORGO É PATRIMÓNIO DA JUNTA DE FREGUESIA?



"Entre os patrimónios da res publica localizados em Bustos contam-se os edifícios das escolas primárias".
A  “Escola Primária” do Corgo, a quem pertence?
A construção de edifício escolar era uma aspiração que vinha já da primeira Junta de Freguesia de Bustos. A busca de terreno  para a construção  teve início durante a primeira junta de freguesia. 
Pretendia-se uma escola localizada no centro. O local preferido era o terreno do "Sr. Visconde" que confronta as ruas 18 de Fevereiro e Jacinto dos Louros. Onde mais tarde Augusto Simões da Costa construiu o seu estabelecimento.
Em 17 de Janeiro de 1926,  a junta de freguesia inscreve no orçamento a verba “de dois mil e setecentos escudos [13,47€] para material e mão d’obra  de duas maceiras de adobos  feitos por conta da Junta com destino às construções escolares”.
Contudo, é depois da Revolução do 28 de Maio de 1926 que efetivamente tem início a construção da ansiada escola.
Na sessão de 15 de Maio de 1927 da Comissão Administrativa da Junta de Freguesia, “O Presidente apresentou a planta e alçado da obra do edifício escolar desta freguesia, fornecida pelo Ministério da Instrução Pública, a qual foi apreciada pelos membros da Comissão que a acharam muito boa.  Mas reconhecendo que o importe da sua execução é superior aos recursos de que pode dispor, deliberou fazer-lhe algumas modificações, tais como suprimir algumas janelas de lado do rés-do-chão, executando-as com mais simplicidade, principalmente as laterais e as do lado sul. Suprimir dois salões no primeiro andar, ficando com os dois do rés-do-chão e um ao centro do primeiro andar.
A obra ia avançando e, v.g. em sessão de  2.12.1928, a Comissão Administrativa  autorizava os pagamentos “para o edifício da escola: a António da Silva Neves quarenta e cinco escudos pelo transporte de telha, a Manoel Rosa Novo cento e trinta e cinco escudos pelo transporte de telha, a José Matos  cento e trinta e cinco escudos pelo transporte também de telha e a Porfírio Fontes trinta escudos pelo serviço de tirar água para argamassar cal.”
  Era notória a ânsia de  ter alguma sala pronta receber  alunos, conforme se pode depreender da sessão de   20 de janeiro de 1929, a Comissão Administrativa reúne extraordinariamente “para arrematar as obras interiores e uma porta e quatro janelas dum dos salões do edifício escolar”.
Nos fins de 1929, a comissão administrativa tinha lançado o concurso para “o serviço de estuque nos dois salões térreos do edifício escolar”. As propostas apresentadas por Manuel Tavares e por Américo Oliveira foram rejeitadas, “por pouco explícitas nos materiais a empregar”. Foi decidido fazer-se a adjudicação “por licitação verbal, e os materiais ficarão a cargo desta Junta devido a ser difícil a fiscalização dos mesmos”.   
Na sessão de 13 de Maio de 1934, a Comissão Administrativa procedia à arrematação das restantes obras da conclusão do edifício da escola Primária do Corgo,  entre as quais se transcreve:
(…) as obras de cal grossa e pintura quer externas quer internas, e todo o edifício da Escola [foram] adjudicadas ao senhor Manuel Ferreira Tavares, pela quantia de cinco mil quarenta e três escudos e cinquenta centavos,
(…) o gradeamento do recinto de recreio do edifício da Escola, e as varandas (…)   varandas em ferro para o mesmo edifício  [foram]adjudicadas aos senhores João dos Santos Oliveira e José Maria Simões dos Reis pela quantia de três mil e quinhentos escudos (…)
Sérgio Ferreira Micaelo

Sem comentários:

Enviar um comentário