29 de setembro de 2010

ARISTIDES ARRAIS: O REENCONTRO

No passado sábado, o NB e alguns contemporâneos do nosso colaborador Aristides encontraram-se com ele no café/restaurante do Quim.
Falou-se das nossas raízes, mas também do muito por fazer em Bustos.
Alcides Freitas, Aristides Arrais, Xico Pedreiras, Fernando Luzio e Adélio Costa

O Aristides aproveitou mesmo para responder à pergunta final deixada no post do passado dia 25: não, não andou aos costelos; e se não foi sarampo foi maleita parecida que o reteve de cama durante uma semana inteira de escolinha.
Revelou o Aristides que, regressado às duras aulas na semana seguinte, o professor o chamou ao quadro, inquirindo-o (deliberadamente, pois claro!) sobre a matéria ensinada na semana anterior. Como é bom de ver, o pequeno Aristides embatucou, em jeito de quem olha para o quadro como cachorrinho para reluzente palácio. O prémio chegou na forma dum bofetão que o atirou contra o negro quadro de lousa e lhe deixou a alma em farrapos.
Chegado a casa, denunciou a injustiça ao pai Arrais, alfaiate de profissão, que logo lhe respondeu: descansa, meu filho, que amanhã vamos falar com o professor! Sentiu-se inchado o Aristides. Aquilo, sim, era pai, pronto a desagravar tamanha ofensa ao injustiçado filhote!
Foi mais longe o pai Manuel Arrais: talhou e vestiu o miúdo de calça nova e comprida, de bom recorte e quente tecido. E aí vão os dois a caminho da escola, com o nosso Aristides a sentir-se o melhor filho da terra. Lá chegados, o pai Manuel dirige-se ao surprendido professor, a quem diz, apontando o dedo firme:
- Assim é que é, professor! E sempre que ele precisar, chegue nele!

Outros tempos, outros métodos didácticos...
Tempos que, apesar de tudo, deram Homens e Mulheres grandes e de sucesso a um país atrasado, de miséria, dominado pelo medo e pela repressão.
Assim se fizeram os Portugueses de torna-viagem.
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- A expressão Português de torna viagem, teve como inspiração os chamados vinhos de "torna viagem", que eram exportados (sobretudo no séc. XIX) para as Américas, mas acabavam por regressar ao porto de origem por falta de comercialização. Comprovou-se que a viagem ou "roda" desses vinhos nos porões das naus aumentava a sua qualidade; a tal ponto que os barris chegavam a ser embarcados para fazerem a viagem de retorno e assim os valorizar.

Aristides Arrais é, também ele, um pouco isso: um Português de torna viagem.

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