2 de agosto de 2009

ALÍPIO SOL, GRANDE OLIVEIRENSE - Henrique (só)

Confesso que, após todos estes anos passados, já não me recordava da entrevista, nem sei para que jornal foi feita. Contudo, devo referir que fiquei muito orgulhoso por ter sido entrevistado, enquanto capitão do O.B.S.Clube, pelo meu grande amigo e ex-Presidente da Câmara, Alípio Sol. Este grande oliveirense foi o primeiro presidente eleito do concelho de O. Bairro, tendo concluído, salvo erro, três mandatos [*] em tempo de vacas magras.
Fica para a história do concelho a sua dedicação, o seu empenho, a sua constante, e pessoal, pressão junto dos vários governos no sentido de conseguir apoios para o desenvolvimento do seu, e nosso, concelho. Era um homem duma sobriedade contagiante não só virado para a valorização do seu concelho mas, também, para a sua valorização pessoal, tendo concluído, já depois de aposentado, o 12º ano na E.S.O.Bairro (como Pres. do Executivo tive a honra de assinar o seu diploma de final do Ensino Secundário), a licenciatura em História e, por fim, a licenciatura em Direito. Quis o Destino não lhe permitir terminar o seu estágio em advocacia.
Por curiosidade, no momento em que alinhavo este texto, não resisto em descrever a minha grande emoção ao olhar, na minha frente, no meu gabinete de trabalho, um grande quadro fotográfico mostrando o momento da entrega da Medalha de Mérito Municipal - Grau Ouro, que me foi feita pelo sr. Pres. da Rep. Mário Soares. Em segundo plano vejo o Pres. Alípio, que propôs a atribuição da medalha ao desportista, ao capitão, ao professor, ao cidadão Henrique, na sua opinião exemplar, vejo-o com uma expressão fraterna, ternurenta, feliz por ter patrocinado aquele momento e eu não consigo travar uma lágrima furtiva que me traz a sua imagem e a saudade de um grande amigo que, fisicamente, se perdeu mas que, não sei como, está sempre connosco.

Nem sequer tinha pensado nisso, mas ao escrever este pequeno texto lembrei-me que, sem dúvida, quero transformá-lo numa simbólica e singela homenagem ao amigo que me protegeu e me incentivou quando, com dezasseis anos, comecei a jogar futebol no Vila Verde, ao homem vertical, cidadão exemplar, duplamente pai por força da morte do seu irmão, ao Presidente, por tudo, mas, mais ainda, por toda a sua colossal entrega no sentido de fazer do seu concelho um grande espaço de referência em tempo de parcos recursos. Um grande abraço aos seus pais, esposa, filhos e sobrinhos.
Até sempre, grande amigo e companheiro. Será que um dia nos encontraremos? Sei lá? Para já, estejas onde estiveres, sei que não te importarás que partilhe este pequeno texto com outros amigo(a)s de quem gosto muito. E vou fazê-lo.
Henrique (só).
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[*] Foram quatro mandatos. (Nota do editor, apoiado por J.S.)

1 comentário:

  1. Uma correcção à merecida e justíssima evocação do Henrique Tomás (a quem chamo carinhosamente "Pai Tomás":
    O Colega ALÍPIO SOL estagiou no escritório de que faço parte. Após a sua trágica partida, recebemos no escritório uma carta registada da Ordem dos Advogados.
    Continha, nem mais nem menos, a comunicação oficial de que o seu estágio estava concluído. Com efeitos anteriores à data da sua imerecida morte!
    Percorreu-me um arrepio na espinha e a emoção apoderou-se mim!
    O sonho do grande Amigo e Colega, Dr. Alípio Sol, de subir as escadarias do novo Tribunal com a toga debaixo do braço esfumou-se ali, naquele sofrido momento em que abri a esperada carta.
    Há mortes que custam a aceitar!

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