21 de julho de 2009

VII Fórum de Bustos: recordar ideias humanistas - I

No passado sábado, tendo por palco o aprazível espaço exterior e interior do Restaurante Rafael, recordámos. Como disse Mário Reis Pedreiras no seu discurso, “recordar é viver duas vezes a vida”.
Como não podia deixar de ser, a decoração interior evocou Manuel Ferreira da Silva, de resto representado ao vivo pelo Joãozito no fato de emigrante de passagem pelos EUA e que o NB já reproduziu. Não faltaram memórias dos tempos do cinema sonoro, dos trajes dos anos 30 e 40 e dos bailes desses tempos (eu e o Jaime até fomos “desapertar” duas moçoilas que dançavam entre si, como que a pedi-las).
Muito lembrado e melhor documentado foi também o teatro de revista, de que foi paradigma a peça Bustos em Cuecas. Bem a propósito e porque se tratava de recordar, foi reconstituída (graças ao precioso trabalho de recolha da Clarita Aires) uma cena dos anos negros da II Grande Guerra, por sinal também recordada por Mário Reis Pedreiras:
Ferreira da Silva colocara no recinto redondo em frente ao salão um altifalante ligado a um rádio RCA, para que os bustoenses pudessem ouvir “os célebres noticiários da BBC feitos pelo nosso saudoso Fernando Peça… Era tal a nossa avidez pelas notícias que na altura avassalavam o mundo, que nos juntávamos às centenas para assim escutar no maior silêncio e apoiados ao cabo da enxada, o que no mundo se passava.
Pois acreditem se quiserem: até uma gravação original dos noticiários do Fernando Peça foi ouvida junto ao Bustos Sonoro Cine e, logo a seguir, no agradável espaço exterior do Rafael. Nem o cavador com a sua enxada faltou a compor a cena viva. Um mimo!
Só mesmo a Clarita do nosso sofrer seria capaz de tais pormenores etnográficos!
A regressada Irene Micaelo lembrou que o Fórum bebeu as suas raízes nos bancos das nossas escolas: “Estamos a falar de Cultura e estamos a falar de Afectos, porque este é também um encontro de amigos.
Isso e muito mais nos disse a Irene dos meus tempos de rapaz namoradeiro. Em remate sublime, trouxe-nos “
pela mão a jovem professora de 21 anos que, no início da sua carreira, se deslocava de Ílhavo à Quinta Nova para, também ela, nos abrir as fronteiras do conhecimento.”. Bem merecido foi o lindo ramo de flores que entregou à Prof.ª Maria Leonor Branco Marques.
E mais não conto por hoje, que o espaço e o tempo são curtos em demasia.
Felizmente, é longa a memória de quem sente e vive as Raízes de Bustos.

2 comentários:

  1. Anónimo13:24

    Muito obrigado Óscar pela tua narrativa. Como estive impossibilitado de estar presente ansiava pelas notícias do Notícias. Para quem está longe este contacto com Bustos é uma bênção. E tu irás, seguramente, para o céu.
    Belino Costa

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  2. Anónimo16:09

    OBG pela narrativa. Este ano não foi possível estar presente, mas prestei toda a colaboração pedida. Queria apenas rectificar o nome para Fernando Pessa, nosso "vizinho" - era natural de Aveiro.
    Ditosa Luzio

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