1 de fevereiro de 2009

LOCALISMO, FUTEBOL E DEMOCRACIA (Crónica de C. Bolandas)

O localismo é um sentimento de pertença a um determinado espaço: um espaço vi­vido, onde se entretecem memórias comuns e um ideia de diferença em relação às ou­tras freguesias circunvizinhas. Neste sentido, o local onde se vive é o centro, o espaço onde somos (que somos), enquanto as outras localidades, o concelho, o distrito, o país, são apenas espaços onde estamos, logo a periferia. Ser e estar definem, pois, a imbricada relação nós-eles na construção da memória colectiva e do sentido de pertença e orgulho de ser de Bustos.

No que ao orgulho de pertença diz respeito, deve ter contribuído, consciente ou inconscientemente, a luta pela autonomia da freguesia e a memória das suas realizações socioculturais e desportivas.

O animado sentido de justiça e democracia participativa que tanto caracterizou a vida comunitária, e que tanto contribuiu para o seu desenvolvimento, tem vindo a ser substituído pelo húmus da discórdia político-partidária e o nós, desmembrado em grupos de interesse, onde está pouco presente, para não dizer ausente, o interesse colectivo da comunidade que somos.

Contudo, o espírito de união ainda está presente no futebol – Na União Desportiva de Bustos. O futebol é ainda a manifestação da democracia participativa da comunidade bustoense. No futebol, a comunidade é mais importante do que os partidos políticos e os interesses grupais instituídos.

Nem tudo está perdido, é preciso restaurar, seguindo o exemplo do futebol, a democracia participativa de outrora. Bustos não se deve tornar no local onde estamos, antes dar lugar à comunidade que somos.


C. Bolandas

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