23 de janeiro de 2009

FUI HOJE ENCOMENDAR AS ROSAS…


Coimbra, 15 de Janeiro de 2009
«Fui hoje encomendar as rosas para a minha professora.

O apelo surgiu no último Fórum de Bustos quando a Julita me contou que a encontrava muitas vezes e que ela perguntava sempre por mim.

Por que razão se lembraria de mim, a minha professora primária?!
Não, nem era preciso pensar muito: eu sabia bem a(s) resposta(s). Só não compreendia o facto de nunca a ter procurado antes, pois tinha para com ela uma dívida de gratidão.

Acreditas, primo, que mal posso esperar, que a minha emoção não tem limites?
Pois é verdade! Sinto um desejo imenso de a reencontrar, não consigo vê-la apenas como professora, nem consigo imaginar uma conversa formal entre nós duas. Acho que ela vai olhar para mim e o tempo vai parar e é o mesmo sorriso de outrora que ali deixei na sala silenciosa e atenta, no ruído cantante do recreio, na sonolência trazida pela tarde no rodar alto do “chafariz”...
Sim, é a mesma cumplicidade, a mesma ternura, o mesmo orgulho, a mesma inquietação:
"diz aos teus pais que venham cá!".
Ainda ouço claramente a sua voz doce, persuasiva, agora quase zangada, cada vez mais insistente, progressivamente imperativa, recusando-se a aceitar as difíceis e inabaláveis resistências familiares:
"Qual não vai estudar?! Vai sim, ora essa!" (...)

"Não quero saber, vejam a melhor maneira, se o irmão está em Coimbra, esta também vai!"


Minha querida professora!

Não, não foi logo à primeira que ela conseguiu derrubar as barreiras. (Havia muitas dificuldades, como sabes.)


A resposta final só foi dada em Aveiro, após o exame de admissão: "Então, e agora, vai ou não vai?"

- Vai! - respondeu o teu tio... E houve risos...abraços... e beijos.

E eu, tudo observava, na mesma determinação que me havia levado a ficar na escola, por minha iniciativa, quando a professora mandara sair os que não iam continuar os estudos "Não, eu quero aprender mais. Se as minhas amigas cá estão - a Julita, a Candita...

(Meu Deus, que saudade!), porque é que eu hei-de sair?

E fiquei! » (...)

Irene Micaelo


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(continua )

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