9 de janeiro de 2008

BUSTOS - O CORTEJO DOS REIS[1958]


Cortejo dos Reis está de revoltar. Será o momento rever duas peças de etnografia escritas pelo P.e Vidal, alma mater da construção da igreja.
(srg)
Cortejo dos Reis
Mais um cortejo que se junta a outros já feitos.
E tudo correu muito bem. A gente nova deu-lhe um brilho especial.
Os carros alegóricos, sempre tão admirados, não faltaram.
As peixeiras da Quinta-Nova, chefiadas pela nossa estudante Aida Ferreira; as lavadeiras da Póvoa, que outra estudante, a Lurdes Pedro dirigiu; as ciganas tão engraçadas; os carros das briosas raparigas do Sobreiro, da Barreira, da Azurveira, das Coladas, com uma pequenada tão alegre; as valiosas ofertas de todos os lugares, incluindo mesmo o Cabeço; as pastoras de Bustos com a sua voz melodiosa e os seus trajos típicos e, a presidir a tudo, os célebres Reis.
O Belmiro Barreiro, que está consagrado para rei Baltazar; o Joaquim Anacleto, que no papel de Belchior é único, e o Raúl do Sobreiro, que este ano apareceu pela primeira vez e tão bem soube cumprir o seu papel de Gaspar.
E o Adelino Pardal, o célebre Herodes.
Que figura, que modo, que imponência!...
O Manuel Margaça, do Sobreiro no seu papel de Simião, esteve na verdade, à altura e o mesmo se diga do João Aires que também fez a sua estreia.
Na dança do rei David, a pequenada delirava, chefiando-a duma maneira ainda não vista, o Manuel Azenhas, do Sobreiro.
Brilhante ainda o aspecto dos dois anjos, da Isaura Libório e da Arlete, que no papel de Anjo triunfante, alcançou uma grande vitória.
E dos briosos soldados e vassalos que dizer? Gente firme e pronta.
Figura sempre presente e indispensável o Sr. lsaque Melo, do Sobreiro.
É, na Verdade, o bom guia do Anjo.
Estão tos todos de parabéns, mas ainda os merecem, pelos muitos trabalhos tidos, o Sr. Vieira, o Sr. Manuel António Serralheiro e o Sr. António Lourenço Zagalo. A todos a freguesia agradece, pois o rendimento foi compensador.
E chegámos aonde queríamos.
Está nosso o terreno da nova igreja, onde agora uma placa diz – local da nova igreja.
Em pouco tempo se fez muito – 140 contos se gastaram no terreno. Mas a boa vontade é grande e vamos ao fim!

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[P.e António H. Vidal - correspondente de Bustos]
in Jornal da Bairrada, 18.01.1958. (extraído de bibRia – Biblioteca Digital dos Municípios da Ria)

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