3 de agosto de 2007

"Há males que vêm por bem" de Manuel Joaquim de Oliveira Sérgio- Parte I

Parte I- Enquanto Bustos se servia das Estações de Correios Telegrafo-Postal das zonas limítrofes.

Desde dia que ignoro até 1913 e mesmo uma meia dúzia de anos depois, Bustos recebia a sua correspondência por intermédio da Estação Telegrafo-Postal de Oliveira do Bairro. O seu distribuidor-correio, como lhe chamavam- só distribuía a correspondência na estrada que o conduzia à Mamarrosa- localidade por onde era forçada a sua passagem-aos interressados que ali o aguardavam. Para avisar a sua aproximação, esse distribuidor que eu conheci e dava pelo nome de PATACO, tocava fortemente a sua corneta, ao passar pelo local onde se encontra a primeira escola que foi feita em Bustos. A restante c6rrespondência para se guir era posta na caixa do correio, ou entregue no estabelecimento que os interessados indicavam ao distribuidor, como no mesmo era entregue a que ele trazia e que não era procurada. Se vinha uma carta cuja resposta convinha ser dada no mesmo dia, o interessado ia leva-la a Oliveira do Bairro porque, o PATACO, devido ao seu longo percurso não podia esperar que ela fosse escrita.

Com a creação do apeadeiro de Oiã, passou Bustos a ser servido pela Estação Telegrafo-Postal da Palhaça. Entre esta e aquele, circulavam diariamente duas malas de correio, sendo uma da correspondência do Norte e outra do Sul. Um dos condutores que eu conheci chamava-se ISAIAS que, através de todos os tempos, fazia aquele percurso duas vezes por dia- uma para receber a mala do combóio correio da manhã e outra do da noite, por 2$50 diários. A Direcção Geral dos Correios resolveu suprimir uma das malas e, com tal supressão que já não me recordo se foi da do Norte, se da do sul, Bustos ficou altamente prejudicado porque a correspondência destinada à mala suprimida, só dois dias depois chegava ao se destino. Baldadas as tentativas para a ua restauração, reuni com os comerciantes locais nomeadamente os senhores Manuel Nunes Pardal, Herculano da Silva, Joaquim Simões Pedro ( o Quim) e Albano Tavares da Silva, resolvendo pagarmos entre todos à Administração Geral dos Correios, o transporte da mala suprimida que era de 1$25 diários.

Esta nossa resolução foi por mim apresentada ao Chefe da Estação Telegrafo-Postal da Palhaça- senhor Vinício César Arez que, não podendo, como me disse, resolver o assunto, se propôs para junto de mim, o expor ao senhor Director dos Correios de Aveiro. Ali nos deslocámos e exposta a nossa pretensão, a recusa não se fez demorar, sem que me podesse conformar com tal negativa, argumentei-lhe:- «Parece impossível não poder ser restaurada uma mala, que não representa engargos para a Administração Geral dos Correios, quando noutras localidades são creadas Estações, dando-lhe como exemplo a de Sangalhos». Isso é mais fácil- respondeu-me aquele Director- e com uma Estação Telegrafo-Postal é que Bustos ficava bem servido!»

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Sérgio, Manuel Joaquim d`Oliveira, " Há males que vêm por bem- Como foi creada a Estação Telegrafo-Postal em Bustos", composto e impresso na Tipografia "A Lusitânia", Aveiro-Julho de 1956.

O opúsculo " Há males que vêm por bem-Como foi creada a Estação Telegrafo-Postal em Bustos", foi dividido em partes para facilitar a sua publicação.

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