9 de fevereiro de 2007

SIM, VOU VOTAR


A questão do aborto é, todos o afirmam, uma questão de consciência. Há até organizações políticas (como é o caso do PSD) que não assumem uma “posição oficial” face ao referendo do próximo domingo porque, justificam, esta é uma questão de consciência. Querem assim dizer que cada um deve decidir em consciência e liberdade, pelo que o partido não se atreve a dar uma orientação de voto aos seus militantes. Significando isso que nem pessoas, nem grupos ou associações, nem o Estado devem atentar contra a consciência alheia e a liberdade individual.

Quem acredita que a vida começa no momento da fecundação ou quem defenda que todo o esperma é sagrado, pelo que só deve ser usado para procriar, tem todo o meu apoio e consideração. Nada tenho a contrapor. Mas é inadmissível que em nome de tão respeitosas convicções se persigam mulheres, se atire para a exclusão e clandestinidade uma das franjas mais carentes da sociedade. Não é sério, não é civilizado, não é cristão continuar-se a fazer de conta que o aborto clandestino não existe. Não é justo perseguir, podendo punir com prisão, quem mais necessita de ajuda, amparo e esclarecimento. É intolerável que por questões de fé se exclua do Serviço Nacional de Saúde os mais carenciados, aqueles que não podem ir já ali, a Badajoz.

Ir votar no próximo domingo e dizer SIM será uma afirmação de cidadania, mas também de tolerância e solidariedade. E de respeito pela consciência de cada um. E de consideração pela vida.

Belino Costa