10 de janeiro de 2007

A VINGANÇA DO PRESIDENTE ( UMA ESTRANHA FORMA DE ENCARAR A DEMOCRACIA)



Manuel da Conceição Pereira pretendia que o orçamento do corrente ano contemplasse um aumento dos covatos na ordem dos 30 por cento. Essa intenção foi rejeitada pela maioria dos deputados da Assembleia de Freguesia que a consideraram excessiva. Paulo Alves (PSD), no exercício da função, propôs que o aumento correspondesse “ ao aumento desse custo para a junta” (da acta) o que não foi aceite pelo CDS.

O Presidente, em vez de aceitar o jogo democrático, preferiu retaliar, decidindo não alterar a taxa dos covatos, vindo com isso a provocar “o não aumento das restantes taxas” (da acta). E não satisfeito com a maldade infligida a todo a população foi mais longe. Anunciou que, em consequência, pretendia passar a receber o ordenado, direito a que antes tinha renunciado.
Confuso? É simples. A exemplo do que sucede com muitos autarcas de pequenas juntas de freguesia Manuel da Conceição Pereira doava à instituição que dirige o ordenado a que tem direito. O caso é bem comum e merecedor de elogio. Mas sem exagero, porque quem anda na politica por convicção e tem um mínimo de posses, bem pode ser generoso e esquecer umas escassas centenas de Euros (pouco mais que o ordenado mínimo). Tudo normal, portanto.
O que não é normal é que o Presidente da Junta de Freguesia de Bustos tenha aproveitado o facto de ter perdido uma votação, para retaliar e declarar que, sendo assim, já não doava coisa nenhuma à instituição. Voltou com a palavra atrás, sabendo que com isso estava, objectivamente, a prejudicar as finanças do órgão a que preside.

“Tomou a palavra o presidente do executivo para acrescentar duas coisas: que o presidente da junta a partir de agora iria receber o seu vencimento e dá-lo-ia a quem quisesse no fim do ano. A outra é que algumas obras que eram para ser donativo do presidente da Junta passariam a fazer parte do orçamento da Junta” (da acta).
A vingança foi dupla. Não só iriam subir todas as taxas pagas pelos cidadãos como o executivo deixava de poder contar com o donativo (salário) presidencial para fazer certas obras que, em consequência, ficaram sem financiamento! Foi como se o cidadão eleito, Manuel da Conceição Pereira, tivesse decidido prejudicar a instituição e a obra do seu presidente, um tal Manuel da Conceição Pereira. (!!!)

Se alguém vislumbrar o alcance político desta tomada de posição, se alguém compreender o seu sentido ético, moral ou cívico que, por favor, me esclareça. Até lá ficarei escandalizado. Porque o Senhor Presidente Manuel da Conceição Pereira tinha assumido um compromisso para com a instituição e porque, para dar o dito por não dito, se refugiou numa mera e democrática divergência parlamentar!
É uma estranha forma de encarar a democracia. É um indigno postulado político. É uma vergonha!

Belino Costa

9 comentários:

  1. Bom dia: Somos do blog http://vagos2005.blogspot.com/ e gostaríamos de saber em que dias se realizam as Feiras em Bustos. Se é semanal, mensal ou anual. Vamos inserir no nosso blog um link para o vosso. Se quiserem fazer o mesmo em relação a nós, agradecemos.
    vagosblog@gmail.com

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  2. Anónimo11:25

    Está tudo de boca aberta, ninguém se atreve a comentar. Pois bem eu vou fazer a defesa do homem, porque o homem é homem antes de ser presidente da junta. E um homem também tem direito a aborrecer-se com certas coisas. Lá em casa a patroa está sempre a queixar-se a dizer que ele se devia deixar dessa vida, que nunca está em casa, e que ainda por cima nem o ordenado recebe.
    Pois isto cansa e um homem não é de ferro. Já não basta ouvir recados lá em casa e ainda por cima tem que aturar meia duzia de senhores que estão convencidos não se sabe bem de quê.
    Pois que se lixe essa gente. Pelo menos podia chegar a casa e dizer à mulher, não me xateies mais que já recebo o ordenado.Fica tu com ele e dá o aos pobrezinhos. Mas deixa de me moer a cabeça que para isso já chegam as reuniões da freguesia.
    Um homem é um homem antes de ser político e tem o dever de defender o bom ambiente familiar.A verdade é essa e é justa, e já era tempo de alguém vir defender o homem que tanto tem dado à nossa terra

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  3. Bom dia:
    Somos novamente do blog Vagos2005. É para dizer que pedimos aos nossos colegas do http://vagosonline.org para incluirem o vosso link na página deles, que é mais abrangente.
    Mais uma vez obrigados.
    vagosblog@gmail.com

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  4. Em grande parte, a postura dos autarcas reflecte a dimensão da participação dos eleitos locais nos assuntos que lhes dizem respeito.
    Ou seja: são muitos a votar, mas são escassos os que acompanham a gestão pública. É uma mal de que sofremos todos, portuguesinhos da silva.
    Se estivessem umas dezenas a assistir à Assembleia, se calhar o Sr. Presidente da Junta não ousaria dizer o que disse, o que lhe fica muito mal, desde logo porque não precisa dos escassos euros para coisa nenhuma.
    Se recuarmos ao caciquismo do séc. IX e princípios do séc. XX, encontramos a explicação para este tipo de comportamento.
    Esta gaita da democracia custa muito a encaixar...

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  5. Anónimo23:02

    O adro da igreja velha foi palco de inúmeras partidas de futebol jogado pela arraia-miúda com bola de trapos. Entretanto, quando aparecia uma bola de borracha o ânimo pelo jogo aumentava.

    Certa vez o RXZW, um sem jeito para o jogo, mal apareceu com uma bola de cauchu, imediatamente organizaram-se duas selecções. O RXZW só foi escolhido, porque era o dono da pelota. O jogo estava a ser rijamente disputado com os pés descalços, mas o RXZW não tocava no esférico.
    Ninguém obedecia ao grito ‘passa! ... a bola é ... minha!’. O RXZW andara cerca de dez minutos a ver bonés.

    Num repente, enche-se de brio, agarra a bola e raspa-se.
    O jogo acabara ali.

    O RXZW vingara-se.

    sérgio micaelo ferreira, 11-1,2007

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  6. Anónimo11:27

    Não posso deixar de entender o meu colega anonymous 11.25; para quem tanto se amofina com estas coisas da política, e porque não dizê-lo, com a política destas coisas, já era tempo de alguns dos passantes por este blogue "saltarem para a pista" sujeitando-se a uma eleição e, depois de a vencerem, exercer o seu mandato sem recuar ao caciquismo do séc. IX e princípios do séc. XX, ou seja sem adoptar este tipo de comportamento; ou, dito de outro modo, já era tempo de comprarem a bola para jogarem a seu bel-prazer, sem escarnecer do dono da bola que por vingança a meteu debaixo da cova do braço e abandonou o adro da igreja, retirando a pelota do jogo porque se apercebeu que, afinal, só tinha sido escolhido por ser o dono da bola. Adoptem estas atitudes, e depois comentem à vontade!!! Chamar-se-á a isso, falar com propriedade. Enquanto isso não acontecer...

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  7. Anónimo11:01

    Concordo perfeitamente com este "anonymous" das 11:27

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  8. Anónimo14:10

    Uma coisa temos que reconhecer aqui a bola é de todos.E é de graça.

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  9. Anónimo12:13

    Sinceramente... Eu acho k ja vi esta actitude do Sr. Presidente da Junta, em muitas criancinhas quando não conseguem um doce e fazem birrinha...

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