10 de julho de 2006

QUO VADIS, FAIR PLAY?


Fechou portas o Campeonato Mundial de Futebol’2006. Da lotaria do sorteios, aos prolongamentos, passando pela marcação das grandes penalidades ditaram a vitória da Itália.
Futebol jogado, «mergulhos na piscina», amarelos e vermelhos animaram o circo. Entrevistas e campanhas prepararam os ânimos das plateias. Televisões, rádios e jornais repetiram-se até à saciedade, prometendo o céu. Foi um mês de carnaval e futebol.

Por artes ou pela arte, Portugal conquista o primeiro lugar à porta do podium dos louros. Um feito raro alcançado por uma selecção de origem compósita (com elementos do continente, das ilhas, da diáspora e dos palop). Desde a travessia aérea do Atlântico Sul[1] alcançada por Gago Coutinho e Sacadura Cabral que o ego da nossa tribo não se manifestava com tanto ardor. Praças, ruas, esplanadas abarrotavam de bandeiras, faixas e outras pinturas. Desfiles de buzinadelas «era mato». Ainda falta contabilizar o númedo das MSM.

Já o pano ameaçava cair quando Zizu, um Senhor e Mestre na arte do futebol, olha fixamente para Materazzi e arremete-lhe uma forte cabeçada no peito. A agressão de Zizane carimbou o seu último jogo na selecção francesa com a exibição do cartão vermelho directo e consequente expulsão.
Materazzi teria agido dentro prática do “fair play” requerida pela prática desportiva e exigida pela FIFA?
Zizu continua a ser um Senhor para além do futebol association, enquanto o campeão Materazzi regressa a Itália manchado com a cor vermelha do «seu» cartão da final de Berlim.
Que jamais esquecerá.

A tribo portuguesa de futebol regressa a Lisboa-Oeiras. É recebida em festa de curta duração.… Um incêndio em Famalicão (Guarda) ceifava a vida de seis bombeiros (um português e cinco chilenos).
As nossas condolências.
Relatórios, inquéritos, depoimentos surgirão em catadupa. Irão esclarecer ou mostrar as falhas da ciência do combate aos incêndios?
Entretanto, armas de arremesso partidário/corporativo poderão ser aperfeiçoadas. Demissões ou exonerações passarão ao lado.
Que a morte destes soldados da paz não tenha sido inglória.
Provavelmente haverá atribuição de condecorações a título póstumo, enquanto que as da tribo do futebol poderão estar asseguradas.
sérgio micaelo ferreira.

[1] Lisboa – Rio de Janeiro, entre 30 de Março e 17 de Junho de 1922. (Um feito histórico e bem esquecido)

1 comentário:

  1. Anónimo11:11

    A FIFA deliberou abrir um inquérito ao episódio que provocou a expulsão de Zidane. Se Zuzu fosse inglês, como reagiria a sua imprensa?

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