24 de dezembro de 2005

TODA A VERDADE SOBRE O NATAL

Amanhã é oficialmente assinalado o dia do nascimento de Jesus. E quem era esse ser humano, feito da mesma matéria e à nossa imagem e semelhança?
Alegadamente “ o Criador do homem fez-se homem” (Liturgia das Horas), nasceu em Belém no dia 25 de Dezembro vindo da barriga de uma tal Maria que engravidou sem ter sabido como. (E nisso acredito piamente porque também aconteceu com uma rapariga minha conhecida.)

O nascimento de Jesus foi tão comum quanto a sua frágil existência. A exemplo de tantos outros pregadores usou a palavra em busca da luz, como outros pensadores procurou a resposta para a eterna dúvida: Existimos para além da morte? Nós que inevitavelmente “vimos da terra e a ela regressamos”.

O grande problema, a questão maior – tão filosófica quanto política –, surgiu em consequência da morte de Jesus, melhor dizendo, do seu assassinato na cruz.

Está tudo escrito de forma muito humana, muito reveladora da essência política das escrituras. O Evangelho de S. João é um verdadeiro manifesto acusando os Judeus pela morte de Jesus. Palavras, palavras, palavras.
Palavras – “No princípio existia o Verbo” –, que justificaram dois mil anos de perseguições e uma grande variedade de crimes hediondos. Tudo muito terreno e muito humano. “ E O Verbo fez-se homem/ e veio habitar connosco”.
A perseguição aos judeus foi mais do que uma demonstração de intolerância, foi uma prova de estupidez. Ao fazerem-no os cristãos esqueceram o essencial, que a morte era necessária e fundamental para que Jesus fosse Cristo. Sem a sua morte não existiria a ressurreição abrindo para todos os crentes as portas do reino dos céus.
Faltou clarividência aos cristãos que perseguiram e condenaram os judeus quando deveriam ter agradecido delicadamente. De outra forma Jesus teria morrido velho ou de alguma doença, e não sendo uma vítima e um mártir quem iria falar dele, divulgar-lhe a palavra?

A cristandade deu-nos catedrais belíssimas, inúmeras obras de arte e uma Igreja organizada e poderosa que tem cometido múltiplas atrocidades e praticado muita caridade. Mas o poder e a influência da cristandade está em declínio, hoje em seu redor já não gira o universo… E ao invés do que dizem as escrituras este não pára de crescer, de se afastar...

Nesta era de Globalização Planetária não se diz Antes de Cristo ou Depois de Cristo, já não é assim que se datam os acontecimentos históricos. Agora é necessário integrar judeus, muçulmanos, budistas, hindus, demais confrarias igrejas e religiões, pelo que se escreve Antes da Era Comum e Depois da Era Comum.

Foi a segunda morte de Jesus.

Tudo mudou, tudo está diferente. Agora o Natal que não é mais uma festa religiosa, nem celebra qualquer nascimento.

Vivemos na Era Comum. Agora festeja-se a existência de um velho chamado Pai Natal que veste de vermelho e anda por aí aos milhares, escalando varandas, janelas e paredes dos prédios e casas de Portugal inteiro. Tudo se resume a um boneco fabricado na China.

Belino Costa

PS: Texto inspirado num comentário de Milton Costa. (BC)

5 comentários:

  1. Anónimo15:21

    Não se entende: Deus único dividido por Pai, Filho e Espírito Santo?! O «único» partido em três, para quê?! Estranhar é o mínimo, discutir é a mediania, rejeitar é o máximo que se impõe. Mas também é verdade isto: Frei Bento Domingues escreve hoje no «Público» que «o papel de Jesus Cristo não é o de abolir ou substituir qualquer religião» e fala de «uma crítica implacável à própria religião»... Isto enquanto diversos autores clássicos discutem que Cristo nunca existiu embora exista o cristianismo...

    ResponderEliminar
  2. Estão todos enganados: o Menino Jesus não só existiu como existe e é vivo no Sobreiro, esse remoto lugar do périplo cristão; esse sítio santo e santificado que o Menino Jesus – já feito Homem - percorreu ao longo da "via sacra" antes de desaguar no malfadado monte onde o aguardava a crucificação; enfim, esse único oásis do Calvário e do sofrimento da Carne.
    Falo do lugar onde o gesto de levar o copo de tinto (1) à boca anima os músculos braçais e alegra a alma (que o corpo, esse, está meio entregue ao Criador).
    E ficas a saber, ó lisboeta de Bustos, ó natalício BC (2), que tens 24 horas para provares o que vales.
    É o tempo que te dou até que eu aqui venha denunciar aos judeus o famoso encontro do Menino Jesus com o MC dos micróbios, esse sacripanta que ousou pôr em causa a harmonia celestial em que vivemos até há uns 2 anitos.
    Refiro-me àquele peregrino e viandante que acompanha os injustos de Israel; ao que fala de tudo e de tudo sabe, até da UDB e dos malfadados futebóis…
    …mas não sabe o que é “ir ao treino”.
    Descansai, ó crentes, que amanhã ficareis a saber quem foi o grande Corto Maltese e de como o Palácio e Quinta da Bacalhoa mora ao lado do Menino Jesus mesmo que este nunca tenha percorrido esta via sagrada.
    Até lá, dormi no aconchego dos anjos e querubins, sonhai com Elas e, porque não, com Eles.
    A mim, deixai-me ir com as aves.
    **
    (1) Reconheço: Santo Agostinho é senhor dum branco caseiro de se lhe tirar o chapéu, a que só o feito por mim em 2004 chega aos calcanhares.
    (2) Tanto se me dá que seja “Before Christ”, como “Papa Fósforos”, “Filho da Póvoa” ou até “Belino Costa”!

    ResponderEliminar
  3. Anónimo11:36

    O Belino tem razão, o problema começou com estas palavras do Evangelho (dito) de S. João (um dos Apóstolos e conhecido por Evangelista). Se Jesus representa a Palavra (em Grego "logos") então Jesus é Deus. Não leio, normalmente, a Bíblia em Português, mas em Inglês "logos" foi traduzido por "palavra"; possivelmente Verbo quer dizer o mesmo. O escritor do Evangelho de S. João, apesar das frases em que acusa os Judeus de matarem a Palavra (ou o Verbo) de Deus, introduz ditados e frases supostamente de Jesus que são maravilhosas. "E a verdade libertar-vos-á" é a mais bela de todas. Só que raramente se lêem os Evangelhos com cuidado e muitas vezes deturpam-se as Palavras para fins pessoais, políticos ou religiosos. Os Nazis escreveram por cima da entrada de, pelo menos, um campo de concentração ou de um campo de extermínio a frase "O trabalho libertar-vos-á".
    Assim se mataram milhões de Judeus, ciganos e oposicionistas ao regime.
    Milton Costa

    ResponderEliminar
  4. Anónimo21:41

    Um Natal cheio de Páscoa e um Carnaval feliz, é o que desejo a todos.

    ResponderEliminar
  5. Anónimo14:01

    Se o menino "Jesus" existe e e´ tao falado o que e´ que se faz a todos os "Santos" existentes em Bustos? Bustos e nao so´!!!!!!Ja´sei!Quando cair um Santo do ceu entao ai se falara da nossa bendita terra e quem sabe nao seremos noticia nacional da "TVI" ou ser abertura do jornal da noite.Atençao cristaos !!!........

    ResponderEliminar