7 de novembro de 2005

AMADEU MOTA 45 ANOS MUSICANDO

(clicar sobre a imagem para obter ampliação)
AMADEU MOTA – 45 ANOS MUSICANDO [1]


O ‘26.01.1959’ marca o registo dos primeiros acordes de saxo de Amadeu Mota no conjunto musical ‘Os Pavões’. “O miúdo tem pinta”, teria sido a premonição de Pinhal Viúvo e de Martinho, os seus primeiros mestres.

“Naquele tempo, acontecesse o que acontecesse”, serviço encomendado, era serviço cumprido… certa vez, ao cair da noite, a caminho de Azenhas de Levira atolamos as bicicletas no lamaçal. O «Viúvo» vinha de motorizada, não nos viu, caiu na lama e rasgou a pele do bombo com o guiador. Mesmo com os fatos sujos, o conjunto actuou, só que as pancadas da percussão tiveram de ser mais fortes para tentar colmatar o efeito do rasgão.

O «dinheirinho vem à baila». Amadeu Mota sorri com os olhos e evoca: “no primeiro mês recebi seis escudos, descontadas as despesas, lembra Amadeu Mota”. Nos cantos da memória recorda a dureza do dia a dia, “entre os 13 e os 17 anos frequentei o Conservatório de Música de Aveiro. Ia de bicicleta com o seu saxo a tiracolo…”. Eram duas estiradas bem duras a puxar pela burra, a da Póvoa do Carreiro até Aveiro e a o do regresso. “Pelo caminho juntava-se um colega da Palhaça e na Quinta do Picado entravam mais quatro … ou cinco”. Às dezoito horas começavam as aulas e chegava a casa à meia-noite, quer fizesse chuva ou luar.

Em ’67, atinge o estádio de mancebo e ingressa na tropa e no ano seguinte o Amadeu Mota, já «profissional da música», cria o seu conjunto, ajudando o Mário Martins (Barroca) – acordeão electrónico; Edmundo Nogueira – saxofone e Cipriano Nunes – baterista entretanto ‘desempregados’ em consequência da extinção do seu grupo, “Eles e Elas” da Mamarrosa.
O Edmundo ainda hoje integra o conjunto AMADEU MOTA.

O Mário era o caixa. A maior fatia das receitas era aplicada na aquisição do equipamento e pouco dinheiro restava, “enfim, trabalhávamos por prazer” (Cipriano Nunes).

O Cipriano, hoje emigrante francês, aos 17 anos dá os primeiros passos de aprendizagem de baterista orientado pelo Fernando dos ‘Faraós’. Pouco tempo depois ingressa nos “Eles e Elas” e quando o grupo se desfaz, compra a bateria que foi pagando com o dinheiro que sobrava da receita dos serviços no “AMADEU MOTA”. A bateria rende-lhe 1.500$00 (?) [2] quando, em 1970, o Cipriano deixa o conjunto por não poder conciliar o horário do emprego – [trabalhava no Stand Justino, Aveiro] – com o da actividade de músico e porque a chamada para o serviço militar estava a aproximar-se.

O novel grupo musical inicialmente ensaiou ali na Rua S. João na vizinhança do Barrilito e mais tarde “na casa do avô do Mário, no Sobreiro”.

O 10.08.1968 regista o início da actividade com dois serviços: o primeiro, à tarde, no salão de Campanas e o outro na Amoreira da Gândara.
Inicialmente, o conjunto fazia-se transportar de táxi do Sr. Miguel, de Vagos – “Mais tarde, o nosso amigo Amadeu comprou uma carrinha Austin …"(Cipriano Nunes).
Ficou na história o êxito alcançado pelo conjunto na sua actuação para as tropas na festa do Quartel de Abrantes. Um dia, o 2º comandante (?) desta unidade, atraído pelo cantar do Amadeu Mota, entra na caserna e pergunta-lhe. “onde aprendeste a cantar?” O artista-cantor-soldado responde prontamente, “tenho um conjunto, meu major!”... “Foi um concerto formidável”, lembra Amadeu Mota. A partir daí o militar Amadeu Mota tinha conquistado um fã e “protector de peso”, era dos poucos que vestia à civil quando saía do quartel e não foi mobilizado para as colónias.

O regresso de Cipriano Nunes aos primórdios so conjunto está expesso no seu depoimento:
“Tenho boas recordações dos lugares por onde passávamos, éramos sempre bem recebidos, bons jantares, o garrafão de 5 litros sempre em cima do palco e era muito agradável o apoio do nosso público.
Bravo Amadeu. E um grande abraço.” (Cipriano Nunes)
...
Muito há a escrever sobre o roteiro da banda Amadeu Mota que também está a incrustar uma pepita no universo dos sons musicais de Bustos.
Aos fundadores - Amadeu, Cipriano, Edmundo e Mário, - um Bem-haja do Sérgio Micaelo Ferreira
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Esclarecimento: O logotipo inserto no canto inferior esquerdo da imagem é uma adaptação da gravura da capa do livro de Arsénio Mota, Bustos - elementos para sua história, edição da Associação de Beneficência e Cultura de Bustos, 1983, 1ª edição.

[1] - Alusivo à data, vem a lume um CD com a duração de 58 min. e 58 seg. que reúne 16 faixas em AMADEU MOTA 45 anos a cantar. Por certo o clube de fãs deste conjunto vai esgotar a edição.

[2] 7,48 €

5 comentários:

  1. Anónimo10:51

    O «Amadeu Mota» está referenciado por Arsénio Mota, Bustos - elementos para a sua história, edição ABC, 1983. 'Fez duas digressões por França, em 1976 e 1979, cada uma com a duração de cerca de um mês", escreveu o Autor no sub-capítulo "cultura dos sons". Arsénio Mota por acaso tem a foto da 1ª(?) tuna de Bustos a que se refere no livro?

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  2. Anónimo11:02

    Responde Arsénio Mota: Não, não tenho. Tudo o que arranjei de fotos e outros papéis ficou inserido no livrinho acima referido e nessa altura oferecido ao ABC, que patrocinava a sua edição, por intermédio do seu presidente, Oscar Santos, com vista à criação de uma sala, no próprio ABC, com relíquias do passado bustuense. Não sei mais nada...

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  3. Anónimo22:05

    Fiz parte do «Amadeu Mota» como baixista durante 2 anos sem me ter apercebido que de uma certa maneira estava a dar continuidade a uma parte da história de Bustos. Bem haja Sr. Amadeu Mota.

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  4. Anónimo08:08

    srg said...
    Obrigado pelo esclarecimento. A foto deve ter desaparecido.

    12:23:57 PM

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  5. Anónimo17:35

    eu jorge moreira filho do proprietario da sonora moreira que fazia som a muitos grupos escuto do meu pai muitos relatos de bons bailes feitos en tempos que eu nasci 1967 pela sua banda Amadeu Mota deixo aqui um bem haja por todo curriculun invejavel de qualquer banda e votos de continuacao de bom trabalho.

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